terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Madame... Antonia

Saí.
Vesti o casaco, beijo na mãe. Diz ela :
Não venhas tarde filho ( esta frase destinada ao meu pai ouvia eu quando naveguei durante nove dentro dela ).
Acendi um cigarro, tinha que ser esta noite não aguentava mais, quero sentir, de uma vez por todas todo o prazer desconhecido da mulher. Esta noite sei que vou ser um homem.
Passo apressado o Rambo vem na minha direcção abanando o rabo para as festas do costume, não parei nem podia, ganiu de desilusão.
Desço esta calçada gasta pelos séculos testemunha do meu crescer, estranho há medida que via a casa do prazer mundano, minhas pernas tremem, toda esta vontade esmorece, não , não vou ceder, é hoje.
Toco há companhia, quando a porta se abre a senhora que eu sempre vi de longe com a sua enorme boquilha lançando o fumo na minha cara. Disse:
Olá sou madame Antónia. Que quer o menino ? Senti me completamente desarmado com a palavra menino, porra afinal fiz quinze anos tenho um metro e setenta cinco de altura, mas mesmo assim com um nó na garganta a gaguejar disse:
Boa noite minha senhora, esta noite quero sentir o que é o prazer da mulher.
Olhou para mim, sorriu e perguntou com uma voz maternal:
Tens dinheiro ?
Atrapalhado tirei um maço de notas do bolso e mostrei ( muitos meses a poupar a mesada ).
Acompanha me. Mal entrei deparei com uma sala enorme, quadros de mulheres nuas, um sofá enorme bordeaux, a madame com o dedo indicador disse apontando o sofá:
Senta te que vou mandar fazer o desfile das meninas e tu escolhes. Saiu por uma porta ao fundo sala lançou me mais uma vez o olhar maternal.
Entrou a primeira, vinha só com soutien e com a tal famosa cueca de fio dental, sorriu para mim disse a boa noite com uma voz suave e cheia de sedução, tentei acender um cigarro mas não valia a pena tinha chegado á conclusão que pelo menos naquele momento o meu lugar não era ali.
Pedi para falar com a madame.
Que se passa ? Senti alguma preocupação na pergunta dela
Madame, acho que não vou conseguir. Meu olhar procurou um buraco para fugir não aguentava o olhar da madame pisado em mim. Ela sentou se, passou sua mão pelo meu cabelo ( muitas vezes minha mãe o faz ). Disse com um tom de voz de carinho:
Meu filho não é neste local que vais ser um homem.
Vai que um dia a paixão vai bater á tua porta, então nessa altura vais começar a crescer como homem.
Saí, aliviado subo a calçada faço festas ao Rambo, entro em casa aconchego me junto há minha mãe.
Ela passa me a mão pelo cabelo.



José